Carta especialmente escrita por Lula para a mesa que reuniu os candidatos à presidência Manuela D’Ávila (PCdoB) e Vera Lúcia (PSTU) na segunda-feira, 18 de junho, lida pelo economista Marcio Pochman, que coordena o programa de governo do candidato do PT. “Espero que a Constituição seja o livro de cabeceira de todos nesses momento. Deixem o povo decidir quem será o presidente do Brasil”
“O livro que mais me marcou recentemente na realidade são três: a trilogia de Lira Neto sobre Getúlio Vargas.
Dos três livros, o primeiro é muito interessante por contar a origem de Getúlio e a política gaúcha do início do século XX. Mas tendo lido a trilogia após ter sido presidente da República, o melhor foi observar no terceiro livro da trilogia as lutas de Getúlio em sua volta ao governo pelo voto, entre 1950 e 1954. O enfrentamento com as forças que atuam contra a soberania e o desenvolvimento do país. Ao ler o livro notamos muitas semelhanças com o momento atual; que muitas dessas forças são as mesmas que atuam hoje contra o Brasil, com o mesmo discurso e as mesmas táticas.
A oposição que Vargas enfrentava na época era justamente contra as leis trabalhistas, a fundação da Petrobrás, da Eletrobrás, da siderurgia nacional, das bases para um desenvolvimento industrial e tecnológico do país.
O sacrifício máximo de Getúlio para muitos conseguiu fazer com que se impedissem por alguns anos aventuras antidemocráticas.
Hoje nós enfrentamos de novo forças que não querem a democracia, não querem o desenvolvimento, não querem a soberania, não querem a inclusão social.
Sou candidato a presidente porque não cometi crime nenhum e quero fazer o Brasil ser feliz de novo. Não estou preso por causa de um apartamento no Guarujá no qual nunca dormi, do qual nunca tive chave, e que jamais foi meu. O medo deles é que eu volte a ocupar o Palácio do Planalto.
Lutaremos pela democracia até o fim. Pelo direito do povo brasileiro escolher quem os governa e para que a justiça seja feita.
A Constituição diz em seu primeiro artigo que todo o poder emana do povo, que o exerce por representantes eleitos. Espero que a Constituição seja o livro de cabeceira de todos nesses momento. Deixem o povo decidir quem será o presidente do Brasil.
Um forte abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva”