A socióloga e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff Eleonora Menicucci avalia, na mesa Revolução das Mulheres, a atual onda feminista, que considera especialmente vigorosa. Nesta entrevista, ela adianta parte do que tem a dizer na mesa, que divide com Maria Rita Kehl e Amelinha, com mediação de Diana Assunção. Confira.
Por Celia Demarchi
Que diferença você vê no grito das mulheres, das jovens feministas de hoje, em relação às da chamada primeira onda, que você encarna?
Eleonora Menicucci: Neste momento muito grave para a história do Brasil, semelhante a outros processos revolucionários e de crises políticas que o país já viveu, desde a década de 1930, passando por 1964, com o golpe civil-militar, 1968, com o AI5, mulheres de todas faixas etárias estão assumindo enorme protagonismo ao entoarem um grito contra o golpe de 2016 e ao mesmo tempo contra a cultura machista do patriarcado, do estupro, contra o capitalismo selvagem, o retrocesso nos direitos sociais.
Juntam as pautas, essa é a diferença maior?
Sempre houve jovens feministas e elas têm um papel fundamental. Nós, feministas históricas, abrimos portas, porteiras, janelas, liberamos costumes, sexualidade, orientação sexual, conquistamos o direito de escolher se queremos filhos ou não. Mesmo se a gente falar apenas do basta das jovens feministas de hoje à interferência no seu corpo, vemos que é um grito ainda mais estrondoso e radical, embora nós, da primeira onda, também tenhamos sido muito ousadas, queimamos sutiãs. Talvez a contundência se relacione também à forma contemporânea de expressão dessas jovens e, nesse sentido, sua força é muito grande.